Os 3 Passos de um Planejamento Financeiro Inteligente

Bom, então você é um dos raros brasileiros que consegue poupar?

Ou você é um dos 8muitos brasileiros que deseja começar a poupar?

Em qualquer um desses casos, você precisa refletir sobre como utilizar bem esse dinheiro poupado.

Basicamente, existem duas formas de fazer isso, e uma delas é financeiramente inteligente.

Um planejamento financeiro inteligente envolve um conjunto de fases que irão garantir sua tranquilidade no presente e no futuro e a possibilidade de realização de seus objetivos financeiros.

Essas fases são: Reserva de Emergência, Plano de Aposentadoria e Realização de Objetivos.

Abaixo, descrevo, detalhadamente, cada uma das fases de um Planejamento Financeiro Inteligente.

Reserva de Emergência

A vida é repleta de surpresas, todos sabemos disso.

A única certeza que temos é que imprevistos acontecerão.

Precisamos estar preparados financeiramente para esses imprevistos.

Para isso, é necessário construir uma Reserva de Emergência ou, como denominada por alguns educadores financeiros, uma Reserva de Segurança.

Essa reserva possui um objetivo claro: dar apoio para que possamos enfrentar, com mais tranquilidade, situações e tempos difíceis.

Seja pela perda do emprego, um acidente, uma doença grave, essa reserva financeira nos dará tranquilidade para concentrarmos nossa atenção no problema e não no peso financeiro que ele poderá trazer.

Esses recursos evitarão, ainda, que a emergência nos coloque em uma situação futura de dívida, o que poderia gerar muitos outros problemas.

A importância dessa reserva é tão grande que ela deve ser a primeira prioridade para quem consegue poupar qualquer quantidade de recursos.

Mas, como construí-la?

Quanto dinheiro deve-se reservar para emergência?

Onde devo investir esse dinheiro?

Vamos por partes.

A construção da Reserva de Emergência envolve o acúmulo de uma certa quantidade de dinheiro especificamente para esse fim.

Esse dinheiro não poderá ser utilizado para outras finalidades, pois deverá estar sempre disponível para as emergências.

É importante separar esses recursos dos outros investimentos, primeiro, para garantir que o mesmo não será tratado como os outros investimentos e, segundo, porque ele possui características próprias.

A Reserva de Emergência deve estar investida em ativos financeiros de fácil resgate.

Isso se deve ao fato de que esse dinheiro precisa ser de fácil e rápido acesso, pois a emergência pode exigir que o dinheiro seja necessário de forma imediata.

Isso implica que alguns ativos financeiros são mais adequados do que outros para acumular a Reserva de Emergência.

Essa disponibilidade imediata do dinheiro deve ser priorizada, inclusive, sobre a rentabilidade.

Isso significa que não adiantaria investir esses recursos em um produto financeiro de alta rentabilidade se, quando necessário, você não conseguisse resgatá-lo com a urgência exigida pela situação.

Assim, para escolher um ativo financeiro para acumular a Reserva de Emergência, a liquidez, ou seja, a facilidade de acesso ao dinheiro, deve ser priorizada.

Por exemplo, a Caderneta de Poupança é um excelente produto para essa finalidade, pois possui liquidez imediata. Isso significa que basta você ir ao banco e sairá de lá com o seu dinheiro.

Outros produtos financeiros com boa liquidez e que podem ser usados para guardar a Reserva de Emergência são: Tesouro SELIC, Fundos de Investimento e CDBs com liquidez diária.

Mas, quanto acumular?

Não existe uma regra universal para determinar quanto você deve ter na Reserva de Emergência, mas podemos fazer algumas recomendações, dependendo da sua situação trabalhista.

Caso você esteja trabalhando formalmente, em empresa privada, com alguma segurança em relação à sua posição na empresa, recomenda-se que você tenha uma Reserva de Emergência com um montante equivalente a 6 vezes de suas despesas mensais.

Ou seja, se o seu gasto mensal é de R$ 3 mil, a Reserva de Emergência deve ser de R$ 18 mil.

Diferentemente, caso você seja um trabalhador autônomo, sem vínculo formal, e possui uma renda mensal que varia bastante, a recomendação é que você acumule em sua Reserva de Emergência o equivalente a 9 meses de despesas mensais.

Finalmente, se você possui estabilidade em seu trabalho (um servidor público, por exemplo), pode-se reduzir esse montante para 3 meses de despesas mensais.

Além de todos esses fatores, deve-se também considerar a existência de filhos e dependentes na família.

Nesse caso, eu recomendaria aumentar a Reserva de Emergência, adicionando-se o equivalente a 1 mês de despesas para cada filho menor de idade e dependente.

Plano de Aposentadoria

Após focar na tranquilidade para o presente, com a Reserva de Emergência, um planejamento financeiro inteligente deve se direcionar para o futuro.

A menos que o destino não nos leve até lá, todos nós chegaremos à velhice.

E é nessa fase de nossas vidas, mais do que qualquer outra, que precisamos estar bem preparados financeiramente.

Em primeiro lugar, sabemos que as despesas aumentam significativamente com a velhice, seja com despesas médicas, de locomoção, de lazer, etc.

Ainda, há uma maior dificuldade de se obter uma renda extra. Assim, os recursos disponíveis são basicamente oriundos da aposentadoria.

Infelizmente, a maior parte dos brasileiros sofre uma relevante queda em seu padrão de vida ao se aposentarem, em virtude da redução de sua remuneração e aumento dos seus gastos.

Dessa forma, precisamos planejar esse momento para evitar essa queda no padrão de vida e gerarmos as condições para aproveitarmos, com tranquilidade, essa que pode ser uma fase muito frutífera em nossas vidas.

A construção de um Plano de Aposentadoria envolve a elaboração de um planejamento financeiro específico para acumular os recursos necessários para essa fase.

Esse planejamento financeiro para a aposentadoria tem dois elementos, o processo de acúmulo mensal de poupança para essa finalidade e um plano de investimento, que irá determinar como e onde investir essa poupança.

Assim, é necessário que você organize suas finanças pessoais para esse objetivo.

Isso significa reservar parte de sua renda mensal, especificamente, para investir visando sua aposentadoria.

Essa poupança mensal será, então, aplicada dentro de um plano de investimento específico.

Esse plano deverá priorizar ativos financeiros de longo prazo, que garantam uma rentabilidade acima da inflação, protegendo os recursos investidos e possibilitando um ganho real no poder de compra futuro.

Em relação ao risco, por conta do longo prazo, é possível aplicar uma parte (pequena) dos recursos para aposentadoria em ativos de maior risco, com uma expectativa de maior rentabilidade.

Isso se dá porque o longo prazo do investimento normalmente consegue corrigir variações que possam acontecer em menores períodos de tempo.

Os ativos financeiros mais indicados para a construção desse fundo de aposentadoria são: Tesouro IPCA+ (o mais indicado) e Planos de Previdência Privado (PGBL/VGBL).

Nesse último caso, cuidado com as taxas cobradas pelos grandes bancos.

Para aqueles que aceitam algum risco, pode-se considerar o investimento em ações.

Para calcular o quanto você deve poupar e investir mensalmente, você deve considerar: quando irá se aposentar, qual será o valor de sua aposentadoria, com quanto pretende viver mensalmente após se aposentar e quanto será a rentabilidade do investimento onde irá aplicar os recursos para aposentadoria.

Perceba, finalmente, que, diferentemente da construção da Reserva de Emergência, no caso da construção do Plano de Aposentadoria, não se exige que todos os recursos necessários para aposentadoria sejam levantados de imediato.

Na verdade, essa fase de um planejamento financeiro inteligente se refere ao processo de construção dos recursos para a aposentadoria, que deve durar toda a vida.

Realização de Objetivos

Agora você me pergunta:

Como tenho uma reserva financeira e estou executando com perfeição meu planejamento para aposentadoria, isso significa que posso agora gastar o dinheiro que conseguir poupar como quiser, certo?

Mais ou menos.

Realmente, após garantir sua segurança no presente e no futuro, é hora de aproveitar o esforço de sua poupança e realizar seus objetivos financeiros.

Mas, um planejamento financeiro inteligente envolve planejar a realização desses objetivos e não, simplesmente, realizá-los de qualquer forma.

Como?

Eu explico.

Liste todos os seus objetivos financeiros, ou seja, aqueles que exigem dinheiro para serem realizados.

Para cada um desses objetivos, descreva seu custo e quando você deseja realizá-lo.

Como exemplo, considere a seguinte lista:

Objetivo: Viajar a Lazer
Custo: 10 mil reais
Quando: Daqui a 3 anos

Objetivo: Casar
Custo: 50 mil reais
Quando: Daqui a 5 anos

Objetivo: Morar no Exterior
Custo: 150 mil reais
Quando: Daqui a 10 anos

Feito isso, você pode se planejar financeiramente para conquistar cada um desses objetivos.

Para isso, assim como fez com seu plano de aposentadoria, você irá separar parte de sua renda para cada um dos objetivos.

O valor a ser reservado dependerá do valor que será necessário para o objetivo, do prazo que você terá para acumular esse dinheiro e da rentabilidade do investimento que você irá usar.

Digamos, por exemplo, que para acumular recursos para sua viagem, você decidiu investir em um ativo que possui uma rentabilidade bruta de 1% ao mês.

Como você tem 3 anos para conseguir o dinheiro para essa viagem, você precisará poupar e investir mensalmente R$ 232,14.

O mesmo deve ser feito para cada um dos outros objetivos.

É importante que esses recursos estejam, de alguma forma, separados, para evitar conflitos entre os valores.

Mesmo que investidos nos mesmos ativos, você precisa controlar os recursos acumulados para cada objetivo.

Como nossa vida é dinâmica e nossos objetivos mudam, é necessário avaliar e atualizar (quando for preciso), periodicamente, a lista de objetivos.

Além disso, é necessário acompanhar o desempenho dos investimentos para verificar se as rentabilidades estão de acordo com o planejado.

Vale lembrar, no entanto, que essa prática de acompanhar periodicamente a rentabilidade de seus investimentos deve ocorrer também nas outras fases do planejamento financeiro, especialmente na construção do seu fundo de aposentadoria.

Felizmente, existe um conjunto significativo de produtos financeiros que podem ser usados nessa fase de conquista de objetivos.

Como exemplo, podemos recomendar: Tesouro Pré-fixado, CDB, LCI/LCA (para objetivos de mais curto prazo) e Fundos de Investimento.

Obviamente, esse planejamento detalhado se faz necessário somente para despesas maiores.

Gastos menores, no seu dia a dia, como a compra de presentes, roupas, pequenos eletrônicos, e outros, não precisam ser tão rigorosamente planejados.

Apesar disso, é boa prática controlar o orçamento pessoal anotando todas as despesas e evitando gastos desnecessários, para que se consiga continuar poupando para aposentadoria e para conquista dos objetivos.

Conclusão

Neste artigo, apresentamos como realizar um planejamento financeiro inteligente, garantindo sua segurança no presente, sua tranquilidade para aposentadoria e projetando uma estratégia de conquista de seus objetivos financeiros.

E você, acha que conseguiria seguir esse planejamento financeiro inteligente?

 

Jerffeson Teixeira de Souza, Ph.D.
Fundador e Editor do Blog “Meu Educador Financeiro”

 

16 comentários

  1. A Reserva de Emergência eu já tenho, mas o plano de aposentadoria será o meu próximo passo junto com Realização de Objetivos.

    Muito obrigado aonde devo investir o meu dinheiro.

  2. Muito interessante e útil. Parabéns pela iniciativa, conheci o blog por meio do XXI Enfermaio e, com certeza, irei acompanhar.

  3. Obrigada Jerfferson..estou criando coragem para tomar as rédeas da minha vida financeira e seu blog me incentivou bastante. Espero conseguir!!

  4. Adorei esse artigo! Muito interessante. Vou me organizar para a “Realização de Objetivos”! Obrigada pelas dicas.

  5. Professor, excelente. Só agora pude ler esse artigo. Estou conseguindo acompanhar quase todos. Pretendo, agora nas férias, colocar em dias. rsrs Muito obrigado! Já comecei meu planejamento também.

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