Neste artigo vamos falar de renda variável, um assunto com uma quantidade imensa de variações, mas vamos nos manter no básico e focar no investidor iniciante e pessoa física. Esse mercado pode proporcionar ganhos enormes, mas também prejuízos desastrosos, então a primeira e mais importante dica é calma e cautela!
A segunda: faça apenas operações em que você conheça os riscos, os ganhos e os custos. Qualquer dúvida, deixe passar, outras oportunidades virão.
E a terceira: na Bolsa de Valores, como na vida, sempre desconfie de promessas milagrosas, geralmente é furada.
Mas afinal, o que é o mercado de renda variável no Brasil?
São ativos negociados através da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BVMF). Os mais comuns são “ações” e “futuros”. Ações são pedaços de empresas negociados através de um pregão. Quando se compra uma ação torna-se sócio desta empresa, podendo receber a parte proporcional dos lucros, chamados dividendos.
Futuros são contratos de compra e venda com realização em uma data posterior e são negociados de forma semelhante às ações, entre eles: dólar, índice(Bovespa), milho, boi, juros (DI), etc.
Como dar o primeiro passo?
Bom… Aqui vamos nos distanciar um pouco do senso comum. Antes de escolher uma corretora e um capital para investir (trataremos disso adiante), em minha experiência e opinião, a primeira coisa a se prestar atenção é o “Gerenciamento de Risco”.
Mas o que é isso?
Deixa eu te contar um segredo: você vai perder na bolsa! Isso é certo! Mas também vai ganhar!
É aí que entra, entre outras coisas, o “Gerenciamento de Risco”, que é um conjunto de regras que vai fazer com que, quando tiver uma perda, ela será menor do que quando tiver um ganho.
Isso fará com que seu saldo seja positivo mais que qualquer análise ou indicação de um analista da bolsa e, sem ele, por mais assertivos que sejam suas operações, você terá prejuízos.
Outro ponto no Gerenciamento de Risco é que o dinheiro investido na Bolsa é um capital de risco. Ele pode se multiplicar acima dos sonhos de qualquer renda fixa ou também encolher e te fazer sentir como naquele pesadelo que te faz acordar assustado(a) a noite.
Então se você é um(a) iniciante, mantenha a parte de renda variável da sua carteira de investimentos sempre em uma parcela minoritária do total e vá subindo à medida do seu sucesso e experiência.
Lembre-se: “Gerenciamento de Risco” é tudo! Estude, leia, pesquise e, enquanto isso não ficar claro e confortável, fique fora!
Como dar o segundo passo?
Prezado leitor, você que chegou até aqui deve estar pensando: “esse negócio dá muito trabalho!”. Dá mesmo, mas vale a pena! Ótimas possibilidades estão por vir.
Você estudou Gerenciamento de Risco e sabe que deve começar com uma parte menor da sua carteira para aplicar em renda variável.
Que parte é essa?
Isso é muito particular e pessoal. Depende da sua disposição ao risco e apenas seu Gerenciamento (olha ele aí de novo!) pode dizer.
Dito isso, procure uma corretora e analise a solidez, os custos cobrados, a diversidade dos produtos e plataformas de operação oferecidos. Escolhida, faça um cadastro, que sempre é gratuito (se não for, esqueça), e já estamos prontos para começar.
Finalmente começando de verdade. Onde pôr meu dinheiro?
Agora sim! Vamos começar a ganhar dinheiro! (ou tentar, pois lembre-se que é “variável”. Nunca há garantias).
O primeiro e mais simples método para participar do mercado de ações, e nem por isso menos eficiente, é adquirir uma cota de um fundo de investimentos baseado em ações e futuros, assim, você terceiriza a inteligência de análises, dilui os custos de operação e não terá mais trabalho nenhum.
Mas, em compensação, não terá controle das operações do fundo e ainda terá uma taxa de administração. E, na maioria das vezes, uma taxa de performance sobre os lucros acima de uma marcador, como o CDI por exemplo.
Há no Brasil excelentes fundos de renda variável, com ótimos ganhos. Um exemplo é o fundo Verde Asset, de Luis Stuhlberger, que acumula desde de 1997 incríveis 14.000%, o que equivale a mais de 800% do CDI, mas devo ressaltar enfaticamente que ganhos passados não são garantias de ganhos futuros, então seja fanaticamente fiel ao seu Gerenciamento de Risco!
Uma outra maneira é ter sua própria carteira de ações e nessa seara há vários perfis: há quem queira fazer operações de prazo mais curto (swing trade), prazos mais longos (position trade) e quem queira ficar sócio a longuíssimo prazo de empresas e receber a parte dos lucros destas (dividendos).
Se você é, como presumo, um iniciante, escolha um perfil e acompanhe as recomendações da corretora que escolheu para uma dessas carteiras. Boas corretoras têm ótimos analistas, com bons retornos históricos, analise-os com cuidado e calma e escolha o que mais se adequa a suas expectativas.
Para isso terá que se familiarizar com os modos de comprar e vender ações e futuros, ter cuidado com os custos de operação e impostos, definir sua exposição ao risco e o tamanho da sua carteira para que os custos não devorem seus lucros e eventuais prejuízos não ultrapassagem sua perda máxima definida no Gerenciamento de Risco (nunca vou parar de falar nele!).
Lembrando que, quanto mais curto o prazo que você opera, mais tempo terá que dedicar a sua carteira e maiores serão os custos, mas em compensação ela se adequará mais rapidamente às realidades dinâmicas do mercado.
Há uma enorme quantidade de operações possíveis na Bolsa: operações de poucas horas, minutos ou até segundos, de forma muito alavancada, comodites agrícolas, opções (eu as adoro), formas de rentabilizar e proteger suas ações, estruturas complexas compostas por mais de um ativo e muito mais.
Não tenho a pretensão de abordar todos em um único artigo, nem mesmo me aprofundar nos que citei acima, mas espero que estas informações despertem sua curiosidade a respeito dessa forma de catapultar seus investimentos.
As possibilidades são gigantescas e estão esperando por você, (e vou falar de novo) desde de que entenda e gerencie seu risco!
Jorge Franco
Trader da Bolsa
Fortaleza, CE